Ciência 2.0 é uma experiência válida?

A edição americana de abril de 2008 da Scientific American trouxe um artigo bem interessante entitulado "Science 2.0 -- Is Open Access Science the Future?" (algo como Ciência 2.0 -- A ciência do acesso público será o futuro?). Esse artigo é uma continuação natural do artigo "Science 2.0: Great New Tool, or Great Risk?" (Ciência 2.0: Grande ferramenta ou grande risco?) da edição de janeiro e ambos discutem como a web 2.0 pode impactar a forma como fazemos ciência na nossa sociedade.

Se formos parar para pensar, a divulgação dos avanços científicos foi a parte que menos mudou na ciência até hoje. A séculos que temos pessoas isoladas em seus laboratórios, escondendo o trabalho uma das outras, aguardando a liberação de verbas ou a aceitação de seu artigo numa publicação para tornar público o grande avanço que está fechado a sete chaves. Quem trabalha como ciência sabe que até hoje ainda é assim, com a diferença que os artigos que eram feitos à pena, passaram a serem feitos a caneta, a serem datilografados e hoje são enviados em PDF atachado num email. Só isso mudou.

A Ciência 2.0 é, na prática, uma tentativa de trazer ao conhecimento científico as ferramentas colaborativas da web 2.0. Eu mesmo já comecei a experimentar um pouco disso num projeto que participei aqui na UFRJ. Eu e mais outra pessoa estávamos desenvolvendo um sistema de meteorologia que continha várias etapas e uma tarefa minha dependia de uma tarefa da outra pessoa e vice versa. Tentamos fazer por email uma espécie de checklist ("Já fiz minha parte, é sua vez","Já pode fazer isso", "Estou aguardando aquilo"...) mas foi muito pouco prático. Acabamos acelerando o trabalho criando uma planilha simples no Google Docs, onde separaramos as tarefas entre os participantes e, a medida que a tarefa era sendo concluída, ela ficava em vermelho. Habilitamos a planilha para ser editada pelos participantes e visualizada (sem edição) por nossos chefes. Desse jeito nos organizamos e ainda mostramos serviço.

Esse é um exemplo muito simples perto do que está sendo proposto. O artigo cita comunidades científicas que usam ferramentas colaborativas como wiki para desenvolvimento de pesquisa. Na área de meteorologia, um exemplo muito bom é o do OpenGrads. Sua proposta se baseia exatamente na Ciência 2.0 colaborativa para fazer um visualizador de dados que atenda as reais necessidades do publico alvo, melhorando o GrADS. Já escrevemos um post sobre esse projeto aqui no blog, entitulado OpenGrADS: uma nova versão do GrADS com grandes melhorias.

Outro ponto abrodado nos dois artigos é a chamada Blogophobia, uma aversão ao uso de blogs para manter e difundir a atualização profissional. Esse blog mesmo é um exemplo de como essa nova mídia pode ser interessante. Desde minha última busca no Google, esse é o único blog em português brasileiro a tratar de meteorologia operacional e tendências na área. Todos os outros ou falam de nuvens ou de meio ambiente. O mais próximo é o blog do pessoal da MetSul, que comenta quase em tempo real a previsão do tempo para o Sul do Brasil.

Esse texto da Scientific American é leitura obrigatória para aqueles que querem entender como o mundo de hoje, com seus códigos livres e sistemas colaborativos, pode transformar a forma como fazemos ciência.

Ou não.

Complemento de Firefox para Previsão do Tempo

Veja Também:
- Widgets de Previsão do Tempo para Blogs e Sites
- Gadgets de Previsão do Tempo para iGoogle
- Opensocial e Previsão do Tempo
- Previsão do Tempo no Orkut


Continuando a série iniciada pelos posts Widgets de Previsão do Tempo para Blogs e Sites e Gadgets de Previsão do Tempo para iGoogle, chegou a vez de falar sobre Previsão do Tempo no Firefox, com os tão úteis complementos.

Para quem não sabe, os complementos do Firefox são uma grande coleção de mini ferramentas que podem ser instaladas com poucos cliques e que ficam disponíveis para o usuário ao abrir o navegador de internet. Existem complementos de tudo hoje em dia, de leitores RSS a tocadores de música e inclusive complementos de Previsão de Tempo.

São vários os complementos sobre meteorologia, mas o mais usado é com certeza o Forecastfox. Ele fica escondido ali na barra de baixo do navegador (onde normalmente tem bastante espaço vazio) ou em qualquer outro lugar do browser e indica a condição atual de tempo e a previsão para os próximos dias para a cidade que você quiser.

Algo bem interessante desse complemento é que ele é leve e fácil de configurar. Ele está em português (apesar da figura estar em chinês!), tem várias cidades do mundo no banco de dados, se atualiza sozinho, pode ser programado para avisar a previsão do tempo periodicamente com janelinhas de aviso tipo as do MSN e do Skype, e o melhor: você pode escolher os ícones de sol, chuva e etc. Nada mais de ter que ver aqueles ícones feios que ninguém sabe porque foram escolhidos!

Para instalar, o único pré-requisito (óbvio) é usar o navegador Firefox (parece que funciona com todas as versões) e clicar AQUI PARA INSTALAR (será necessário reiniciar o navegador).

A fonte da previsão é o AccuWeather.com e a lista com temas de ícones para trocar no ForecastFox está AQUI.

Ótima pedida para quem acha que não tem tempo de correr atrás da previsão do tempo. Agora ela estará ali embaixo, na tela, a uma olhada de distância.


Veja Também:
- Widgets de Previsão do Tempo para Blogs e Sites
- Gadgets de Previsão do Tempo para iGoogle
- Opensocial e Previsão do Tempo
- Previsão do Tempo no Orkut

Transcrição de entrevistas em MP3 até 5 vezes mais rápida

Nesses últimos meses caiu nas mãos da Mari um trabalho longo e árduo de transcrição de entrevistas em MP3.
Quem é da área de comunicação ou de humanas em geral sabe muito bem do que eu estou falando. Você faz uma entrevista ou grava uma aula em fita ou MP3 e quer passar o conteúdo falado de áudio para texto. Ela até achou que seria simples. Ledo engano!
A vi penando as primeiras horas de transcrição e tomei para mim a tarefa de otimizar esse processo (a minha veia de desenvolvedor de sistemas bateu mais alto nessa hora!). Acabei conseguindo acelerar em quase 5 vezes o tempo de transcrição da Mari e achei legal compartilhar esse truque.


PROGRAMA UTILIZADO

Inicialmente tentei fazer o que ela estava fazendo, de usar o media player mesmo, mas ficar indo e vindo de janelas fazia o trabalho ficar muito muito lento. Decidi então por usar um MP3 player ou um CD player, mas toda hora eu tinha que ficar voltando e sempre me confundia nos botões e na prática acabou sendo tão confuso quanto.

De repente achei um programa gratuito na internet chamado Express Scribe, que é específico para transcrição profissional de entrevistas e áudio em geral. Com ele você não precisa ficar trocando de telas para parar, voltar, dar play nem nada disso. Ele tambêm tem um método para diminuir a velocidade da gravação sem distorcer muito o que está sendo dito. Ele é realmente fantástico!

Já achei muitos sites falando sobre esse programa, mas nenhum falava sobre a melhor coisa dele: a opção PEDAL.


PEDAL

O transcritor profissional tem o fone de ouvido na cabeça, o teclado nas mãos E UM PEDAL NOS PÉS, controlando o andamento da fita. Com isso não é necessário tirar as mãos do texto para voltar e tentar ouvir aquele trecho que não ficou tão claro. No site do programa Express Scribe tem à venda um pedal para transcritores por "apenas" 80 dólares (e ainda deve ter o frete!). Mas eu conegui uma forma caseira de fazer um pedal e foi isso que acelerou meu trabalho.


PEDAL "CASEIRO"

Na prática o que chamam de "pedal" é apenas uma caixa com um, dois ou três grandes botões, para acelerar, retroceder ou dar play com o pé. Quando entendi isso, pensei em algo meio absurdo mas que deu certo: pluguei um desses joysticks de 20 reais da Clone/Leadership na porta USB, botei ele no chão, falei para o programa que ele era o pedal, apertei o botão e.... FUNCIONOU. Até hoje lembro que a Mari não acreditou quando falei da minha idéia, mas acabou a adotando e deu certo!

Eu configurei o pedal como se fosse um pedal de apenas um botão, dessa forma eu aperto o botão 2 do meu joystick com o meu pé e ele toca o audio. Quando eu solto o botão, a transcrição pára. Existem formas de configurar ainda para voltar e avançar usando o pedal-joystick, mas aí acabava me confundindo. Aqui embaixo botei um exemplo da minha configuração, mas vale a pena testar e ver com qual você se sente mais a vontade.


Com essa solução caseira, consegui acelerar muito o processo sem sequer tirar a mão do teclado para pausar ou despausar.

Espero que esse post ajude quem precisa fazer esse tipo de serviço e gasta horas e horas para fazer uma hora de áudio. A Mari mesmo já estava ficando de cabelo em pé de tanto transcrever e sei que esse esquema de pedal foi fundamental para ela fazer melhor o trabalho dela.